UFSC recebe estrutura da Ponte Hercílio Luz para análise

03/01/2020 08:14

A Ponte Hercílio Luz, reinaugurada no último dia 30 de dezembro será objeto de estudos na UFSC , graças à cessão de uso de uma barra de olhal, estrutura de sustentação da ponte, rompida nos anos 70.

O jornal Notícias do Dia, fez uma reportagem completa explicando como funcionará essa fase, confira:

Uma investigação a caminho

O que causou a ruptura da barra de olhal que levou ao fechamento da ponte Hercílio Luz, em 1982 e a interdição definitiva da travessia, em 1991? Essa pergunta intriga engenheiros, mas não só eles – a população de Florianópolis gostaria de entender as razões pelas quais a peça rompeu e colocou a pesada estrutura, calculada em cinco mil toneladas sob o risco de colapso. A resposta deverá ser dada dentro de alguns meses pelo Grupo de Análise e Projetos Mecânicos (Grante), do Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Uma série de ensaios e análises químicas vai tentar mostrar o que levou a peça a se partir e deixar a ponte a perigo, no início da década de 1980. O professor Edison da Rosa, que já foi diretor do Centro Tecnológico da UFSC (CTC), explica que durante quase 40 anos, a partir da entrega da obra, em 1926, a manutenção deixou a desejar. Isso só mudou a partir da década de 1960, quando uma equipe contratada para esse fim passou a cuidar da estrutura, embora pouco fizesse além de remover os focos de ferrugem e pintar a ponte, dando-lhe a aparência de nova.

Todos em busca da mesma resposta

Com grande experiência na área de Engenharia de Materiais, o professor Pedro Bemardini explica que o trabalho da equipe do Grante será identificar as características do aço utilizado, a sua composição química, a microestrutura, propriedades, resistência à tração e tenacidade, para verificar se tudo estava de acordo com o que foi especificado na época da construção da ponte. “Nossas investigações vão tentar responder às dúvidas existentes e descobrir o tipo de dano que houve no olhal”, diz ele. Ninguém até agora havia tido acesso à peça trancada, que foi substituída, assim como muitas outras, na reforma da ponte. As possibilidades incluem problemas de fabricação, corrosão ou fadiga da peça. Também pode haver mais de um fator que contribuiu para desencadear o
problema. “Queremos mapear essas possibilidades, usando microscópios eletrônicos”, complementa o professor Edison da Rosa. Foi a colaboração dada na busca de soluções, ao longo das últimas décadas, que levou o Estado a dar primazia à Universidade na análise da barra de olhal rompida. A peça era disputada pela Steimann, construtora da ponte, por universidades americanas e por
instituições de pesquisa no Brasil. “O governo priorizou a UFSC, que tem um dos melhores cursos de Engenharia Mecânica da América Latina”, diz Luiz Galvão, funcionário público aposentado que lidera o movimento pela recuperação da Hercílio Luz como patrimônio e símbolo de Santa Catarina.

Paulo Clóvis Schmitz / jornal Notícias do Dia