Pesquisa da UFSC estuda a criação de implantes dentários mais duradouros

05/02/2021 15:25

Chegar a uma prótese dentária livre de doenças infecciosas geradas por bactérias e, desta forma, aumentar a longevidade dos implantes dentários. Este é um dos principais objetivos do projeto Produção, Caracterização e Avaliação Biológica de Poli-Eter-Eter Cetona Sulfonado para Aplicação em Implantodontia, desenvolvido pelo Centro de Ensino e Pesquisa em Implantes Dentários (Cepid) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em parceria com o Núcleo de Pesquisas em Materiais Cerâmicos e Compósitos (Cermat), do Departamento de Engenharia Mecânica da UFSC e com o Laboratório de Tecnologias Integradas (Intelab) do Departamento de Engenharia Química e Engenharia de Alimentos, também da UFSC.

O trabalho é coordenado pelo professor Cesar Benfatti, do Departamento de Odontologia da Universidade, e conta com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e Extensão Universitária (Fapeu). Também participam do trabalho os professores Ariadne Cruz e Ricardo Magini, da equipe do Cepid, que atuaram tanto na idealização quanto na execução do projeto, e a aluna de doutorado do Programa de Pós-Graduação em Odontologia da UFSC Renata Scheeren Brum.

Financiamento

Aprovado em 2017, o projeto é financiado pelo instituto suíço International Team for Implantology (ITI). O ITI é uma associação global de profissionais em implantodontia cujos objetivos são a promoção e disseminação do conhecimento sobre implantodontia e áreas afins, atendendo profissionais da área odontológica e estimulando o aprendizado, o networking, a discussão e o intercâmbio. “O escopo do projeto é a análise de um polímero, o PEEK (poli-eter-eter cetona), no intuito final de melhorar suas aplicações na odontologia e na medicina”, destaca o professor Benfatti, que possui graduação, mestrado, doutorado e pós-doutorado em Odontologia na UFSC.

Considerado um dos polímeros de mais alta performance no mundo, o PEEK é um termoplástico multifuncional utilizado em situações que exijam alta resistência à temperatura (até 260°C) e resistência mecânica. Atualmente já é muito utilizado nas indústrias de eletroeletrônicos, mineração, setor aéreo, entre outros. Algumas áreas da Medicina também começam a adotá-lo.

Hoje, tanto na implantodontia quanto na ortopedia, a busca de um material que some boas características mecânicas e biológicas tem sido uma constante. Entre os materiais pesquisados, o PEEK, por possuir uma boa biocompatibilidade, uma boa resistência e uma estabilidade muito grande, é um dos mais estudados. “Somado a isso, também tem se buscado materiais implantáveis inteligentes, ou seja, que consigam biomodular o organismo, direcionando, melhorando ou acelerando o reparo. Dessa forma, cirurgias de implantes dentários ou até mesmo ortopédicos se tornariam mais previsíveis”, explica o coordenador do trabalho na UFSC.

Futuro

Para o professor, os polímeros terão um papel fundamental no futuro da implantodontia. “E o PEEK é um material com um dos maiores potenciais quando penso em polímeros não reabsorvíveis”, acrescenta. A intenção dos pesquisadores é agregar ao PEEK inibidores de adesão bacteriana, impedindo assim que infecções venham a acometer os implantes dentários a médio e longo prazos. “Os benefícios na implantodontia serão inúmeros”, ressalta Benfatti.

A expectativa é de que a técnica com o polímero também possa ser empregada em outras áreas da Medicina, como a ortopedia, por exemplo. Porém, o caminho está apenas no começo, pois os estudos estão apenas na fase de estudos in vitro – e ainda foram prejudicados pela pandemia do coronavírus e suas restrições sanitárias, como a necessidade de isolamento. Até a técnica chegar ao uso humano, uma série de testes e critérios precisarão ser atendidos conforme determina a Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

*Esta reportagem integra a 12ª edição da Revista da Fapeu, que pode ser acessada na íntegra neste link.

 

Fonte: Notícias UFSC

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