Chefes de Departamento: Luis Fernando Friedrich

28/08/2012 15:44

O Núcleo de Comunicação do Centro Tecnológico está desenvolvendo uma série de entrevistas com os Chefes dos Departamentos de Ensino do CTC. A cada semana será publicado um perfil, e para dar continuidade à série, o professor Luis Fernando Friedrich, chefe do Departamento de Informática e Estatística fala sobre o plano estratégico de gestão que está sendo aplicado no INE.

O professor Luis Fernando Friedrich chefia o Departamento de Informática e Estatística da UFSC pela segunda vez, desde julho de 2011. É graduado em Engenharia Mecânica pela Universidade de Passo Fundo, possui mestrado em Ciência da Computação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e doutorado em Engenharia de Produção e Sistemas pela Universidade Federal de Santa Catarina. Além disso, cursou dois pós-doutorados: na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e na University Of Virginia At Charlottesville.

Estabeleceu seu vínculo com a UFSC em 1988 e trabalhou com cursos de especialização e pós-graduação no nível de mestrado na área da computação, especialmente em sistemas operacionais. Sempre teve um viés administrativo, após ser chefe pela primeira vez, atuou duas vezes como coordenador do curso de Ciências da Computação. Sua motivação para a chefia é “a possibilidade de se fazer coisas que poderiam ser feitas e muitas vezes não são feitas”.

“Outra motivação foi decorrente de necessidades. Uma das coisas principais era a necessidade de um plano estratégico do Departamento, que há muito tempo não se fazia e a gente começou a pensar a fazer. O Departamento é razoavelmente grande, no CTC é um dos maiores, só perde para a Mecânica em questão de professores e, às vezes, ele perde o foco, não tem um plano bem estruturado de atuação nos próximos cinco ou dez anos. As pessoas passam, mas o Departamento continua e o que se deve fazer é muito dependente de um plano.

Como exemplo, nós temos dificuldade em definir em qual área se abre concurso, falta um mapeamento relacionado a isso. O que se faz é: quando um professor se aposenta, abre-se vaga naquela área, mas nem sempre é necessário fazer isso. Às vezes existem outras áreas mais deficitárias, atualmente mais necessitadas, como algumas áreas emergentes, que necessitem de uma atuação mais forte de profissionais tanto na área de ensino como na área de pesquisa, para alavancar certos negócios. Esse mapeamento todo tem que ser feito de alguma forma, de preferência de dez em dez anos, ou de cinco em cinco”.

“Outro desafio é a geração de recursos, que é muito importante dentro do Departamento, porque é difícil hoje nós dependermos exclusivamente da administração central, no que diz respeito a verbas. Precisamos buscar motivação para a execução de projetos com empresas, de consultorias que de alguma forma sejam revertidas em montantes financeiros para o INE.” O professor também aponta como problema a ser resolvido a questão de falta de espaço físico, “como o Departamento tem 60 professores, eles demandam espaço, seja para salas ou para laboratórios. O campus aqui está esgotado, não tem mais possibilidade de crescimento. Uma alternativa é ir para outro lugar, e isso já é uma possibilidade que alguns professores começam a ventilar, o que também não é muito simples, porque os alunos tem aula em outros departamentos”.

A fim de realizar este diagnóstico, a equipe de gestão aplicou aos professores um questionário composto com perguntas relativas, por exemplo, a deficiências de ensino e possibilidades de mudança de disciplinas. “Aplicamos essa mesma tentativa de diagnóstico na parte de pesquisa e de extensão para ter uma visão clara de como o Departamento está em termos de quem atua em qual área, quem está atuando, quais são as disciplinas nas quais atua, se teria possibilidade de atuar em outras, se teria disponibilidade, por exemplo, de atuar em horários diferenciados, como o noturno. Tudo para conhecer as demandas dos professores e das necessidades em geral”.

Este relatório propõe uma série de questões que vão começar a ser discutidas em condições específicas, “por exemplo, a discussão relacionada a novos concursos, como vai ser feita uma escala. A gente tem previsão de 20% de aposentadorias nos próximos cinco anos, é uma renovação que tem que ser gerenciada”. Outra grande motivação é fazer com que o INE volte a oferecer cursos de especialização, para poder oferecer ao mercado. “A gente tinha uma atuação bastante forte nisso, e depois de alguns problemas que aconteceram nas Fundações, isso desacelerou e não voltou a ser como era antes”.

O objetivo deste projeto é a busca pelo crescimento do Departamento, “tanto na qualidade das suas disciplinas oferecidas pelos cursos de graduação, quanto nos seus cursos de pós-graduação e os resultados das pesquisas. À medida que o Departamento cresce, tem condições de gerenciar as suas próprias demandas e as suas próprias necessidades”. O professor comenta que desde a sua primeira experiência na chefia, o INE cresceu muito, em termos de qualidade, de projetos sendo oferecidos. “Muitos laboratórios que dez anos atrás eram salas, já tem um orçamento significativo e contribuem financeiramente”.

Sobre a gerência como um todo, o professor afirma que o que a facilita é a forma organizacional do Departamento, “existem as Câmaras de Administração, de ensino, de pós graduação e de pesquisa e os problemas são direcionados sempre que possível, e tem o Colegiado Pleno do Departamento, que é onde se decide questões mais conflitantes. Dessa forma as coisas fluem mais facilmente. De qualquer maneira, as decisões do Colegiado são soberanas, mas nem sempre são fáceis. Em várias situações existem muitas discussões, não se chega a um consenso, e às vezes tem que partir em defesa de um ou outro argumento por voto mesmo”.

A característica pessoal que o professor Friedrich mais aplica em seu trabalho atual é a serenidade. “É a coisa mais importante, tem que manter a calma, contar até 10, 20, 30… porque realmente a gente convive com vontades diferentes, com pessoas diferentes, e todas elas tendem a buscar suprir o individual, e esse é um grande problema, um desafio para qualquer administrador, fazer com que a instituição seja mais importante que a pessoa que está na instituição. As pessoas precisam estar cientes de que o grupo é mais importante do que o indivíduo, porque o indivíduo é substituível, o grupo vai ser reconhecido como grupo para sempre, então se o indivíduo não colabora para o grupo, ele não vai crescer. O que tem que prevalecer é a vontade de integração”.

Mesmo acreditando ainda ser cedo para uma opinião formada sobre a nova administração da UFSC, o professor pensa que “é uma administração completamente nova, estrutura, pessoas novas, sem vícios ainda”. Acredita que a decisão de suspensão do calendário acadêmico foi adequada, “quem toma decisões em última instância na universidade é o Conselho Universitário, e não tem como dizer que não existe uma situação de greve se ela é clara, evidente, tem que assumir isso”.

Texto: Patricia Siqueira

Fotografia: Henrique Almeida

Entrevistas com outros chefes de Departamentos.