Chefes de Departamento: Gregório Varvakis – EGC

17/10/2012 10:00

O Núcleo de Comunicação do Centro Tecnológico está desenvolvendo uma série de entrevistas com os Chefes dos Departamentos de Ensino do CTC. A cada semana será publicado um perfil, e para dar continuidade à série, o Professor Gregório Varvakis, chefe do Departamento de Engenharia e Gestão do Conhecimento, fala sobre suas atribuições.

O Departamento de Engenharia e Gestão do Conhecimento é o mais recente da UFSC, foi criado em 2008 para dar suporte ao programa de pós-graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento. O Professor Gregório Varvakis era o vice coordenador da pós-graduação e assumiu a chefia do Departamento com o objetivo específico de “continuar a ação de suporte ao PPG-EGC e buscar desenvolver a introdução de disciplinas com características tecnológica e interdisciplinar na Universidade”. Seu período como chefe se encerra neste ano e ele não deve concorrer a um novo mandato.

Gregório Varvakis possui graduação em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, mestrado em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina e doutorado em Manufacturing Engineering  pela Loughborough University of Technology, na Inglaterra.

O professor destaca a importância do EGC ao mencionar lados positivos bastante importantes: “É o único Departamento no CTC com uma característica multidisciplinar. Está desenvolvendo a base conceitual de engenharia, gestão e mídia do conhecimento, cruzando essas três áreas e isso é algo que não existe no Brasil”. A seu ver, esta é a principal contribuição do Departamento ao desenvolvimento do conhecimento cientifico tecnológico.

Nosso departamento busca também, em um futuro próximo, dar apoio efetivo ao CTC na estruturação e utilização de ferramentas e técnicas de Educação a Distância. Existe todo um conjunto de ferramentas de suporte ao aprendizado que utilizam ferramentas tecnológicas que nós podemos oferecer, apoiando o desenvolvimento. Por exemplo, dar suporte a um professor para gravar em vídeo conceitos básicos de suas disciplinas, apoiar no desenvolvimento de instrumentos de aprendizagem, entre outros. Estes componentes de aprendizagem podem então ser disponibilizados no AVA (Moodle).

Outro ponto, e esse é um sonho do Departamento, é nós podermos oferecer disciplinas como gestão do conhecimento, engenharia do conhecimento, mídia do conhecimento, gestão da inovação, criatividade, para os diferentes cursos da Universidade. Realmente fazer uma disciplina que não só tenha uma característica interdisciplinar, mas que os alunos sejam de diferentes cursos. A nossa experiência quanto a isso é que o desenvolvimento de conhecimento é uma experiência gratificante a nós e aos alunos, porque quando se mistura alunos/pessoas de bases/cursos diferentes, o resultado fica melhor”.

Ao ser questionado sobre as dificuldades enfrentadas para a aplicação deste potencial do Departamento, o Professor convida a todos para conhecer as instalações do Departamento de Engenharia do Conhecimento. “Um departamento que suporta um programa que, em oito anos, já formou 120 doutores, 90 mestres, tem hoje 140 alunos de doutorado, 60 alunos de mestrado, e as instalações tão precárias”.

“A administração atual prometeu uma solução para nós, e temos o apoio total da direção de centro, que tem se mostrado mais colaborativa e está sempre levando o nosso caso, que é crítico. Nós iniciamos como conceito quatro da CAPES, hoje somos conceito cinco, mas o nosso conceito cinco corre um grande perigo. Porque para efetivar a característica interdisciplinar do nosso programa, precisamos de um espaço comum, onde haja compartilhamento de conhecimento, e nós não temos isso. Esta é a nossa grande dificuldade, o espaço físico e a falta de reconhecimento da Universidade pelo que a gente fez e poderia fazer. Acho que o nosso maior inimigo foi a ‘burrocracia’ da Universidade, foi talvez a Universidade não reconhecer o nosso potencial e o que alcançamos. Fomos e somos inovadores e estamos pagando um preço alto por isto.”

Sobre a forma como conduz seu trabalho, o Professor afirma que “o que mais buscamos aplicar é a manutenção da união entre os colegas. Nós somos um grupo de professores muito bons. Considerando as dificuldades de espaço físico, eu acredito que nós até conseguimos resultados  muito interessantes, mas a nossa união tem sido afetada pelo baixo reconhecimento e apoio efetivo. Meu medo é que nós nos tornemos um departamento igual a muitos outros, onde os professores estão preocupados com seus interesses. Nós somos um departamento diferente, com certeza, nós éramos um grupo de professores diferentes, espero que pelo fato de nós termos formado um Departamento, não nos tornemos um Departamento igual aos outros”.

Destaca ainda que o “maior desafio do chefe de Departamento é buscar manter um ambiente que não traga a desmotivação dos colegas e a sua própria desmotivação. Outro desafio é gerenciar um conjunto de expectativas; todos nós, inclusive o chefe de Departamento, temos expectativas, e muitas vezes elas, especialmente no nosso caso, foram muito frustradas, muitas promessas foram feitas, até por nós mesmos, buscando determinados resultados e gerenciar essas frustrações talvez tenha sido o maior desafio que nós estamos enfrentando”.

Ao avaliar a administração central da UFSC, o professor percebe nas falas da atual Reitora “uma questão de institucionalização, isso é muito importante, é fundamental. Eu acredito na atual gestão, como acreditava na anterior, a única coisa que eu não quero ver acontecer é uma partidarização da Universidade. Isso não pode acontecer. A Universidade tem que ser apartidária. O que facilita a atual gestão é o fato de ela estar muito mais coesa do que era a anterior. Isso é uma grande vantagem, mas também um grande perigo, porque quando se reúne muitas pessoas que pensam a mesma coisa, isso pode limitar o poder inovador”.

Texto: Patricia Siqueira

Fotografia: Dayane Ros

Entrevistas com outros chefes de Departamentos.