Estagiários do Instituto de Engenharia Biomédica desenvolvem análises de eventos adversos de tecnologias em saúde
O Instituto de Engenharia Biomédica (IEB) da UFSC, Centro Colaborador OPAS/OMS em Gestão de Tecnologia em Saúde, vem desde janeiro de 2021 implementando um programa de estágio interdisciplinar, com estudantes de graduação e pós-graduação das áreas de Engenharias, Medicina e Odontologia. Nele, são realizados treinamentos contínuos com tecnologias em saúde, apresentados conceitos e solicitadas atividades práticas para a aplicação dos conhecimentos. Equipes diversas executam trabalhos para incentivar o ecossistema inovador e integrativo entre áreas do conhecimento, sendo supervisionadas pela equipe do Centro de Gestão e Desenvolvimento de Tecnologias Médico-Hospitalares (Ceged). Durante este período, uma das atividades realizadas consistiu na realização de análises de eventos adversos de diversas tecnologias de saúde.
“Eventos Adversos” consistem em incidentes que acarretam em danos ao paciente. Estes acidentes devem ser todos notificados para auxiliar no monitoramento desses problemas. Porém, a realidade é que há muita subnotificação, dificultando uma investigação mais realística dos problemas envolvendo as tecnologias nos ambientes de saúde. No mundo todo, existem bases de dados onde estes casos são notificados e ficam disponíveis para serem analisados. No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) é a principal fonte dessas informações, enquanto nos EUA, há a Food and Drug Administration (FDA), por exemplo. Tanto a base de dados da Anvisa quanto a da FDA, além da organização internacional Emergency Care Research Institute (ECRI), foram utilizadas no estudo do IEB.
As tecnologias analisadas durante o período de 2007 até 2021 foram oxímetros de pulso, termômetros clínicos, autoclaves, cadeiras odontológicas, ventiladores pulmonares e bombas de infusão. Destas, a última (bomba de infusão) foi o equipamento com o maior número de eventos adversos associados nas bases de dados pesquisadas, seguido do ventilador pulmonar. Diversos problemas foram destacados, tais como operação de maneira diferente do esperado, exibição de mensagem incorreta no dispositivo com provocação de danos ao paciente, podendo inclusive ocasionar óbitos.
Mesmo com baixa notificação para algumas tecnologias estudadas, importantes resultados podem ser extraídos para auxiliar no processo de desenvolvimento de materiais orientativos alinhados aos problemas já presenciados pelos usuários, bem como também auxiliar no processo de incorporação de novas tecnologias, aportar no desenvolvimento de design de equipamentos mais intuitivos, entre outras atividades incorporadas em um programa de Gestão de Tecnologias em Saúde.
Importantes discussões foram realizadas discorrendo da importância da investigação das causas dos eventos adversos, sendo fundamental para conhecer os reais problemas enfrentados e com isso estabelecer estratégias para mitigar estes erros, tais como investir em materiais orientativos de orientações adequadas quanto ao uso das tecnologias, estimular e incentivar a notificação dos eventos adversos nos ambientes de saúde, destacar a necessidade de notificações com informações claras e objetivas, além da discussão da importância da padronização dos dados para uma análise mais robusta.
A análise de eventos adversos desenvolvida por uma equipe interdisciplinar além de extrair informações de ações voltadas à segurança e confiabilidade dos recursos tecnológicos nos ambientes de saúde, possibilita a discussão de variadas perspectivas quanto a utilização das tecnologias fomentando interação entre áreas e implementando ações que considerem diversos fatores dentro do contexto de saúde.
Mais informações na página do Instituto de Engenharia Biomédica da UFSC.